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30.09.2009
Caatinga na era do crédito de carbono
Jornal - Jornal do Commercio


O mercado de crédito de carbono, que negocia a redução de gases do efeito estufa na atmosfera, chegou ao Semiárido. No lugar de caatinga, cerâmica do Sertão usa lenha de manejo florestal, bagaço de cana, casca de babaçu, pó de serra e restos de poda de árvores para cozer telhas e tijolos. A substituição permitiu a venda, este ano, de 114 mil créditos ao Banco Mundial (Bird). Cada crédito equivale a uma tonelada de carbono que teve emissão evitada.

O negócio rendeu à Cerâmica Gomes de Matos, no Crato (CE), US$ 684 mil. Por enquanto a negociação é feita no mercado paralelo. Também chamado de carbono social ou mercado voluntário de carbono, não atende todos os pré-requisitos do Protocolo de Kyoto, mas é reconhecido pela ONU. “No paralelo um crédito custa US$ 6. No oficial chega a 25”, analisa um dos donos da cerâmica, Ronaldo Gomes de Matos.

Antes de entrar no mercado de carbono, a cerâmica aquecia fornos com lenha de desmatamentoda caatinga, coque de petróleo e óleo BPF. “Passamos a usar lenha de plano de manejo florestal e incorporamos outros tipos de biomassa, todos renováveis”, explica Everardo Gomes de Matos, irmão e sócio de Ronaldo.

Para o industrial, a busca pela eficiência energética mostrou que conservação ambiental é compatível com desenvolvimento. “Ou seja, proteger o meio ambiente dá dinheiro”, resume.

Calculadora em punho, Everardo faz uma conta rápida. “Comprava um metro de lenha por R$ 28. No plano de manejo sai a R$ 12.” O metro de que ele fala é o estéreo. Equivalente a um metro cúbico não compacto de lenha, a unidade de medida leva em conta espaços vazios entre toras.

Everardo, que atua no ramo de transporte e no imobiliário, confessa que sempre pensa no lucro antes de adotar medida ambientalmente sustentável. “Empresário gosta de dinheiro.”

Foi assim quando, ano passado, resolveu triturar torrões de argila no lugar de molhá-los por dois dias seguidos até que amolecessem o suficiente para moldar-se à forma de tijolos e telhas.

“O bombeamento da água correspondia ao maior consumo de eletricidade da fábrica.” Agora os torrões passam por triturador projetado com dicas do empresário e movido a pó de serra. A medida resultou na redução à metade no valor da conta da Companhia Energética do Ceará (Coelce). “A Coelce pensou que eu tinha posto um macaco”, lembra Everardo.

Já por queimar restos de poda, os irmãos Gomes de Matos vendem créditos não de carbono, mas de metano. É que os troncos das árvores cortadas pela prefeit

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